PAIS PRECISAM DESPERTAR O AMOR EM SEUS FILHOS PELOS ANIMAIS E A NATUREZA, DESDE A TENRA IDADE
Desde a tenra idade faz-se necessário conscientizá-los que são vidas e merecem respeito e admiração
Pais que despertam em seus filhos o amor aos animais, à natureza de uma forma geral, são pais que enxergam longe, acima das nuvens, além das estrelas, onde residem a evolução, a bondade e o amor incondicional às manifestações de vidas sencientes ou não, ao que há de mais belo, pois um coração generoso jamais irá agredir a natureza e qualquer vida animal. Somente a ternura, a compaixão e consciência desenvolvida libertarão o ser humano dos grilhões da brutalidade. Não podemos nos acostumar com o sofrimento dos animais e a destruição de seus habitats, pois eles são nossos irmãos. É preciso que este amor e educação sejam estendidos às escolas, conscientizando alunos(as), via palestras educativas e estou nessa luta há tempos e sei o quanto é difícil a mudança de paradigmas. Mas, nunca desistirei!
É comovente ver-se, por exemplo, uma criança em tenra idade amando um animal. É Deus se manifestando e somente percebe esta manifestação quem se despojou do materialismo e entende que valores como a ética, o respeito ao próximo são indispensáveis para a vida em harmonia em nosso planeta.
Como já informei em vezes anteriores, minha dedicação à causa animal são as palestras educativas nas escolas e algumas faculdades, além da publicação de artigos semanais sobre o específico assunto. É o caminho que encontrei e me sinto útil à vida. Realizo-me e entendo que não são apenas as conquistas de bens materiais que engrandecem o nosso ser, mas, fazer o bem e ter um nobre ideal. Muitas vezes, o ser humano é movido pela ganância, deixando-se levar pelo materialismo exacerbado, esquecendo que há algo superior e que é imprescindível à vida, ou seja, o respeito ao verde que nos cerca e sua ampla diversidade através de biomas e ecossistemas. No decurso de minha vida e em relação a essa causa, já são mais de 20 anos de ativismo, todavia, as palestras são recentes, desde 2012, quando os estudos sobre a senciência animal foram amplamente divulgados via conferência internacional na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Tais estudos e confirmação de peculiaridades como sentir, ter consciência, emoções e sentimentos nos animais chegaram tardiamente, mas, chegaram para mudar entendimentos e valores culturais alusivos à fauna e não se pode mais negar o que é axiomático.
MINISTRANDO PALESTRA PARA CRIANÇAS - experiência insólita, emoção vivida e inesquecível
À luz dessas palavras, posso afirmar que trago comigo momentos inesquecíveis que guardo na memória e dentro do meu aprendiz coração e faço questão de explicitá-los. Há dois anos, dirigi-me ao Colégio Hélio Alonso no Méier para esta finalidade - ensinar alunos(as) sobre a senciência e direitos dos animais. Normalmente, minhas palestras são dirigidas a alunos do ensino médio e superior. Todavia, desta vez foi diferente: a direção da escola solicitou-me que ministrasse uma palestra para os alunos do ensino fundamental, crianças na faixa etária de dez a doze anos. Imaginei que seria um desafio, pois, como poderia citar leis específicas, assuntos complexos para um público em tenra idade?
Logo veio-me à mente, como um insight, uma resposta que poderia resolver o problema - Gilberto, faça uma palestra com linguagem bem simples, bem coloquial e de acordo com o universo linguístico ese possível lúdica, uma brincadeira e conversa alegre entre pai e filhos e dará certo. Acho que a alta espiritualidade mostrou-me o caminho da consagração, pois foi exatamente isso que aconteceu.
Três professores acompanharam-me à sala de aula e apresentaram-me à turma. No momento exato veio-me uma lembrança muito agradável - por "coincidência" foi numa das salas de aula que eu estudei na época do ginásio, uma vez que este colégio, hoje, Hélio Alonso, chamava-se Colégio Dois de Dezembro, onde cursei o ginasial e científico, saudade que bateu forte em meu coração. Parecia que eu via meus colegas de turma ali sentados. Apresentei-me e fui direto ao assunto, sem formalidade alguma e indaguei aos alunos: quem gosta de animais? Todos, exatamente todos levantaram o braço e sorriram. Pensei comigo - ganhei a turma e será fácil ensinar-lhes sobre a senciência e direitos dos animais. Usei uma linguagem muito simples, bem coloquial e de acordo com o universo linguísticoe cultural da turma. Os professores atentos e comecei a falar. De repente, começaram a indagar-me e contar histórias sobre animais e deixei-os à vontade.
Ao final, algo emocionante - foram quarenta e cinco minutos de palestra e quando despedi-me, agradecendo a atenção e participação de todos, surgiu o inesperado: os alunos se levantaram e me aplaudiram e isso me comoveu muito. Correram em minha direção e me deram um forte abraço, algo tão sincero e espontâneo, além do sorriso estampado no rosto de cada aluno(a). Um deles pegou-me pelo braço e disse-me: professor, senta aqui na carteira - parecia uma "ordem " e eu não iria descumpri-la. abriu um caderno e concluiu - escreva alguma coisa para mim. Assim procedi e quando dei por mim, havia uma fila enorme e fiquei quase meia hora escrevendo meu nome, pedindo que cada um fosse amigo dos animais e rubriquei e percebi a alegria estampada no rosto de cada aluno(a). Realmente, uma experiência inesquecível, afinal, a espontaneidade das crianças revela a sinceridade de suas atitudes e percebi que valeu a pena e eles nunca mais esquecerão do que ensinei. Eu também não irei esquecer jamais! E agradeci a Deus por este momento singular em minha vida, na certeza que naquele instante meu dever estava cumprido. Agora, é seguir em frente, continuar a construir uma nova estrada, pois o amor à natureza e aos animais precisa ser de todos e não somente alguns e as escolas podem contribuir imensamente para este fim. E que seja assim, em nome do bem!
Gilberto Pinheiro
jornalista, palestrante em escolas, universidades,
ex-consultor da CPDA/OAB - Comissão de Proteção
e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil
e colunista de jornal
Somos o coração, a alma, a voz dos animais
AGilberto Pinheiro
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